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Acessibilidade: teoria ou realidade?
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Publicado em 10/11/2021

Por Ígor Dalla Rosa Müller
Foto Ígor Dalla Rosa Müller

Qual é a melhor maneira de chegar ao seu destino? Aquela que se tem disponível no momento. Essa é a realidade. Mas o que se quer dizer com isso? Que para entender a necessidade do outro é preciso se colocar na sua condição ou pelo menos imaginar, por alguns instantes, qual é a sua dificuldade. No caso em questão, se está falando de acessibilidade, como transpor os mais diferentes obstáculos da área urbana, nas ruas, lojas, órgãos públicos, mercados, comércio, para se ter uma vida normal.   

“Os acessos para cadeirante e carrinhos de bebê estão destruídos, acho que vi poucos que estavam bons. As rodinhas ficam travadas e, por exemplo, tem um acesso para a faixa de um lado e do outro não tem. Isso não faz sentido. Na avenida Sete tem descida para cadeirante, mas no meio do canteiro não tem. Os acessos geralmente não são na faixa de segurança, e na faixa não tem acessibilidade”, disse a psicóloga erechinense, Bonnie Müller Pigatto, ao caminhar pelo centro de Erechim. Ela é mãe das gêmeas, Clara e Luna, e, atualmente, mora em Navegantes (Santa Catarina), mas está visitando familiares no município.  

Na avaliação da psicóloga, Vandriane Truylio, que é cadeirante, a situação da acessibilidade em Erechim não avança. “As calçadas estão em péssimas condições e as rampas na avenida Sete, por exemplo, na frente da Caixa, não tem como subir. Isso quando não são muito altas fazendo com que as cadeiras empinem”, observa.

Ela comenta que na segunda-feira (8) quase foi atropelada, isso porque em função da situação ruim das calçadas ela acaba tendo que andar no asfalto. “Não tenho onde andar. Isso que a minha cadeira é motorizada, e quem precisa de auxílio ou utiliza os próprios braços”, questiona. E, acrescenta, “sem falar nos outros tipos de acessibilidade”. Na sua avaliação, poucas lojas de Erechim têm acessibilidade.

ADAU

Segundo, Janei Xavier, presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Alto Uruguai (ADAU), que é cadeirante há 18 anos em função de um acidente de mergulho, Erechim vem caminhando para deixar a cidade acessível. “Mas é um processo demorado e não vai ser de hoje para amanhã que vai ficar 100% acessível. Mas gostaria, sim, que o órgão público desse uma atenção especial neste assunto”, disse.  

Conforme Janei, é necessário rever o passeio público, estabelecimentos públicos, lojas e bares. “Tudo que a pessoa com deficiência quer é o direito de ir e vir como todos têm”, disse.

Ele explica que a acessibilidade é muito importante, porque além de ajudar a pessoa com deficiência (PCD) também colabora com os idosos, que possuem certa dificuldade de se locomover.

Alto Uruguai

O presidente da ADAU afirma que é difícil saber exatamente quantos cadeirantes há em Erechim e região. “Em torno de uns 23% da população do Alto Uruguai, ou até mais, tem alguma deficiência”, afirma.

Empresas

Ele explica que a participação das empresas é fundamental no processo de acessibilidade, já que elas estando acessíveis podem inserir a pessoa com deficiência no trabalho. “Há uma lei que determina que a empresa deve reservar um percentual de vagas para beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, entre 100 e 200 funcionários, por exemplo, deve ter até 2% das vagas preenchidas por pessoas com deficiência”, explica.

CDL

Segundo a presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Erechim, Rosângela Spiazzi Truylia, não tem um número exato de quantas lojas já estão adaptadas para cadeirantes, conforme informações da prefeitura.

“O que nós sabemos é que para liberar qualquer alvará para abertura de loja existe lei que determina que é obrigatório ter acessibilidade. Se não tem na construção tem que colocar uma rampa de metal, móvel, então, todas as lojas são obrigadas a ter acessibilidade”, explica.  

De acordo com a presidente da CDL Erechim, o comércio de modo geral tem acessibilidade para cadeirantes na entrada e dentro das lojas. “Todos têm que ter acessibilidade, que é indispensável”, disse.   

Prefeitura

Segundo o secretário, Mario Rossi, da Secretaria Municipal de Obras Públicas, Habitação, Segurança e Proteção Social, a prefeitura cobra acessibilidade nos passeios. “A prefeitura tem feito algumas ações, em alguns pontos, onde os passeios estão danificados e a gente já tem apontado essa situação para os proprietários, que tem que dar manutenção no passeio, para que seja executado com acessibilidade para cadeirantes, pessoas com deficiência”, explica.

Meio Ambiente

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Cristiano Moreira, por mais que o canteiro central seja responsabilidade do Meio Ambiente, os aspectos de acessibilidade não necessariamente são tratados nesta pasta. “Pelo contrário, como tem a demanda de obras, mobilidade, tem algumas questões que envolvem a própria Secretaria de Cultura, por exemplo, onde tem a pedra portuguesa, o pavimento diferenciado, assim, será questão de multi-secretarias. O plano de mobilidade urbana vai dar conta de todas essas questões”, afirma.

Planejamento

“Foi colocado em licitação e está bem especificado, a empresa contratada terá que solucionar esses gargalos, e as dificuldades que se encontram na questão de acessibilidade, por exemplo, para cadeirantes. Então, esse trabalho vai ser desenvolvido neste novo plano de mobilidade urbana”, explica o secretário de Planejamento, Gestão e Orçamento Participativo, Paulo Jeremias dos Santos.

O secretário observa que o município tem que apresentar o plano em abril de 2023. “A empresa contratada tem 10 meses para apresentar o projeto, o plano todo, e a prefeitura também, porque se não fizer isso o município não recebe mais os recursos federais. Então, depois de abril, a empresa entregando o projeto, já pode ser executado o que estiver no plano de mobilidade”, disse.  

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