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De banners a bolsas ecológicas, o estímulo à ressocialização
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Publicado em 28/10/2021

Por Izabel Seehaber
Foto Izabel Seehaber

Um trabalho prisional que promove o cuidado do meio ambiente, cria oportunidades de aprendizado e estimula a ressocialização de mulheres privadas de liberdade. Assim é o ‘Peere Arte pela liberdade’, projeto desenvolvido no Presídio Estadual de Erechim, que visa a produção de sacolas ecológicas. Desse modo, banners se tornam bolsas coloridas que realçam a criatividade das pessoas envolvidas nas atividades.

A psicóloga Rejane Lazzarotto, que atua há oito anos na Susepe, sendo seis na casa prisional erechinense, destaca que o projeto foi idealizado pelo psicólogo e administrador do Presídio de Júlio de Castilhos, Gabriel Moresco. “Quando conhecemos as ações, analisamos a possibilidade de trazê-las para cá. Desse modo, com o apoio da administração, criamos uma extensão do projeto. A logomarca é a mesma (com a figura de uma abelha, representando o trabalho feito em conjunto), modificando apenas a sigla: de Pejuli para Peere”.

Os banners (que a princípio não teriam mais serventia), são obtidos com a própria população, instituições e empresas. Como exemplos de parceiros das ações está o Sicredi, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul e algumas gráficas. “Ao mesmo tempo, o Conselho da Comunidade nos apoiou desde o início, angariou as verbas com o Poder Judiciário e, desse modo, compramos uma máquina industrial e os aviamentos - velcros, alças, entre outros”, relata a psicóloga.

Trabalho artesanal e as encomendas

No início eram produzidas, em média, 30 bolsas por mês. Agora esse número passou para 60 ou mais, dependendo da quantidade de pedidos. A psicóloga salienta que os resultados foram tão surpreendentes que as bolsas são comercializadas pelo valor de R$ 15, sendo que R$ 5 são destinados ao caixinha do projeto, para adquirir linhas que são usadas no acabamento que é feito à mão. “Essa é outra marca do projeto: o trabalho artesanal. Uma vez por mês, integrantes do Conselho da Comunidade, que fazem a administração financeira, vem até o Presídio, verificam quantas bolsas foram vendidas e o valor é dividido entre as meninas que trabalham no projeto”, explica Rejane, citando que, além disso, cada dia de trabalho representa um a menos na pena. “As participantes são selecionadas e o trabalho é realizado junto com a equipe de segurança”, acrescenta.

Criatividade e valorização

Do mesmo modo, a servidora enaltece que as participantes são muito criativas, originaram novos modelos para as peças e estão inovando com a criação dos sacos organizadores. “Acho que é uma valorização do ser humano. Muitas vezes o presídio tem uma figura atrelada ao crime, mas é preciso lembrar que, por trás, há pessoas, e as que estão aqui, pensam em ter um novo futuro, um compromisso com elas e com a sociedade”, enfatiza emocionada.

Quando chegam os banners, as próprias detentas fazem a higienização, cortam e costuras as bolsas. “O trabalho prisional pode criar oportunidades e reforçar questões como a sustentabilidade. Vale mencionar o impacto na autoestima de todas que vislumbram um futuro bem melhor”, ressalta.

Encomendas

Segundo Rejane, cada encomenda é comemorada entre as integrantes do grupo. “Elas trabalham realmente pelo compromisso, sendo que o valor recebido é pequeno. A cada mês, percebemos como elas ficam felizes e são gratas pela oportunidade”, declara.

Os encontros são diários, de segunda a sexta-feira. Além do projeto ‘Peere Arte pela liberdade’, na sala do Presídio também são produzidas máscaras, desde o início da pandemia.

Os interessados em adquirir as bolsas artesanais, podem contatar com a equipe técnica do Presídio de Erechim ou integrantes do Conselho de Comunidade.

Reinserção social

O administrador adjunto do Presídio de Erechim, Rafael Rodolfo Nass destaca que, “para nós é muito importante o trabalho prisional, principalmente pela questão da reinserção social dos presos. Pensamos que o retorno deles à sociedade pode ser com uma profissão e, enquanto eles estiverem cumprindo a pena, podem ter uma ocupação”.

Ponto de vista das participantes

“Queremos agradecer as psicólogas e a administração por terem buscado essa atividade e oferecido esse reconhecimento para nós mulheres. Praticamente todas que têm bom comportamento, terão remissão da pena”.

“É uma oportunidade muito boa e que é difícil de ser visualizada no sistema carcerário. Para nós é gratificante, pois é algo que não se resume somente ao presente mas vai valer para o futuro. Acreditamos que também há um significado para quem compra uma dessas bolsas. É algo bacana, um produto reutilizado e temos muito a agradecer por esse apoio”.

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