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Mulher na Polícia Federal: há mais de duas décadas realizando um sonho
05/07/2021 10:50 em Novidades

Ainda na infância, convivia com o esforço de uma tia, aposentada há alguns anos na instituição, que se preparava para as provas físicas do concurso público. O desejo de ter uma arma na cintura e distintivo, se fortaleceu ao perceber que todas as noites mal dormidas valeram a pena: o ingresso da tia na carreira policial fez com que ela tivesse um contato ainda maior com a PF.

 

A batalha

Filha de Alcides e Terezinha Dal Bello, comerciantes já falecidos, Helena é a filha do meio entre os três irmãos. Foi por meio de uma viagem de férias para a casa da tia, há muitos anos, que viu um anúncio do concurso da Polícia Federal, com venda de apostilas.  Por seguidamente ouvir relatos sobre a profissão e já insatisfeita com o cargo de professora, decidiu comprar uma apostila e começar a estudar no retorno da viagem. Mesmo lecionando 40 horas, sem muito tempo disponível para se dedicar ao concurso, Helena deixou as desculpas de lado e abriu mão da vida social neste período. “Foi um ano de estudos à noite e finais de semana”, afirma.

 

Vocação

Como em qualquer profissão, para apresentar um bom desempenho é necessário ser vocacionado para o cargo que ocupa. Engana-se quem pensa que trabalho de polícia é para qualquer um. Segundo ela, quem quiser ingressar na carreira deve gostar da atividade e tudo que envolva a mesma. A almeidense começou a trabalhar em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em 1997. Atualmente trabalha no setor de Armas da Delegacia de Polícia Federal em Passo Fundo. Apesar disso, como todos os policiais da delegacia, concorre a escala de plantões e sobreavisos, além de participar de operações que são deflagradas ou missões fora da sede.

 

Profissão de alto risco

Fazer a segurança de importantes autoridades em grandes eventos, participar de operações, contribuir com investigações que resultam em extensos trabalhos. Quem atua na segurança pública, embora não seja algo que interfira no desempenho do trabalho, convive com a incerteza de voltar pra casa e a possibilidade de perder amigos. “Todo cuidado é pouco, medidas como observar o bairro onde vai morar, manter a atenção redobrada diante do que acontece ao redor, pela própria condição de policial e pelo dever de ofício no caso de situações de criminalidade. Devido uma rotina pesada, busco equilíbrio emocional por meio de atividades extrafuncionais e de lazer junto a familiares e amigos”, pontua a agente da PF.

 

 “Nunca nos acostumamos a perder amigos durante um trabalho, com os quais compartilhamos momentos bons e ruins dentro da atividade policial”

 

Mulheres na instituição

De acordo com a instituição, quanto aos dados específicos - regionalizados sobre lotação e quantitativo- relativos à unidade da PF no Rio Grande do Sul, não é possível o fornecimento, uma vez que estão protegidos pelo sigilo declarado no Termo de Classificação de Informação no 08064.001746/2016-73-44.R.05/02/2016.04/02/2021.N, com fundamento no art. 23, incisos VII e VIII, da Lei no 12.527/2011.

Apesar de nunca ter sofrido discriminações enquanto mulher, percebe que em determinadas situações há um preconceito arraigado na sociedade com o policial, independente do sexo da pessoa. Para ela, a força da mulher dentro da Polícia Federal é a mesma do homem, uma vez que desempenham os mesmos papéis, missões e tem salários iguais. É preciso confiança e acima de tudo trabalhar em equipe, afinal, as vidas dependem da boa atuação coletiva.

 

 “É a tua postura que vai definir como o mundo te trata. Se você se colocar na posição de vítima, o mundo te tratará como vítima. Se você se posicionar como a dona da história, assim será. E isso vale também para a carreira policial”

 

Sonho conquistado

Depois de ter batalhado para conquistar a aprovação na PF e se tornar uma agente, ela diz que para ser polícia tem que gostar de acordar cedo, varar a noite trabalhando, abrir mão de fins de semana e convivência com a família, e às vezes, ficar meses longe de casa. Conforme Helena, é preciso também estar preparada para ouvir críticas, mesmo tendo dado o seu melhor. Após 23 anos na Polícia Federal, reafirma a importância de trabalhar com o que ama para nunca precisar trabalhar.

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