É impossível negar que estamos vivendo um dos períodos mais difíceis dos últimos anos, em meio à pandemia da covid-19. Nossa realidade mudou, e da noite para o dia nos deparamos com um “novo normal”, que traz sérias consequências. A falta do fluxo de pessoas e acontecimentos, nos locais que antes abrigavam um público imenso, causa tristeza. A ausência da presença física de um filho visitando os pais idosos, por medo de transmitir o vírus, causa angústia. O abraço que agora fica pra depois, causa desgosto.
Haja força para nos mantermos com coragem para enfrentar todos esses fatores. Haja ânimo para seguir trilhando esse caminho, que ainda não sabemos onde vai “dar”. Muitos escolhem por acreditar que existe um Deus que cuida de tudo, e depositam esperança em possíveis dias melhores. Outros, dizem que essas vivências são carmas, que surgiram para que as pessoas aprendessem com o atual período. E ainda há aqueles que, não creem em exatamente nada, e seguem os versos de Zeca Pagodinho, “Deixa a vida me levar, vida leva eu, (até que essa “vida”, exista). Cada um tem direito de exercer sua crença, porém, há um ditado que fala que, quando chegamos no fundo do poço, é impossível continuar cavando, pois, a saída é para cima.
Entre o cultivo de dias obscuros, ou a busca pela luz no fim do túnel, eu ainda fico com a segunda opção. Procrastinar e temer só leva ao acúmulo de mais desgraças. Observe que, quanto menos você agradece e reclama dos empecilhos que surgem, mais bagagem negativa acumula para a sua caminhada.
A reportagem do Jornal Bom Dia conversou com três líderes de diferentes religiões, que enaltecem formas de manter a fé, bem-estar e alegria em meio aos momentos difíceis.
Amadurecer a fé para poder seguir – Pe. Lucas André Stein. Vice-Reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima
Cada período da vida nos leva a mudanças, ainda mais nos momentos de crise, como vivemos com a pandemia da covid-19. Mudanças que também precisam refletir na vivência da nossa espiritualidade. Espiritualidade é o modo como alimentamos o sentido da nossa vida e não está, necessariamente, ligada à alguma forma religiosa. Os cristãos têm por base da sua espiritualidade o seguimento de Jesus Cristo, como discípulos missionários. Crer em Jesus, fazer parte da comunidade dos batizados, requer opção de vida, radicada no Evangelho, tendo em si os mesmos sentimentos que Ele teve (cf. Fl 2,5). Este é, portanto, um tempo propício para amadurecermos a nossa fé, unindo e fortalecendo os pilares da oração e da caridade, que sempre são inseparáveis. Oração, para colocar-se de modo mais íntimo e intenso na presença do Deus Trindade; caridade, para partilhar as graças que recebemos, sendo, antes de tudo, mais humildes, atentos ao sofrimento dos outros e mais solidários. Intensificar a oração pessoal e em família. Quando possível, participar das celebrações da comunidade, onde nos abastecemos da Palavra e dos Sacramentos, necessários para a vivência do Reino de Deus. A espiritualidade dos discípulos de Jesus deve estar também cheia de esperança, que, quando apoiada verdadeiramente na pessoa dele, “não decepciona” (Rm 5,5). Esperança para andarmos, apesar das dificuldades, fraquezas e, até mesmo, ataques recebidos. Esperança para não deixar esmorecer a nossa opção pelo Evangelho e para darmos um testemunho mais fiel do Senhor. Assim, podemos dar as respostas necessárias e colocar o sentido da nossa vida, e também da nossa morte, nas mãos do Deus da vida, do Deus da eternidade feliz.
Manter a fé por meio de uma decisão - Edgar Radeski, Pastor e Presidente da Igreja O Brasil Para Cristo e do Conselho de Pastores e Igrejas em Erechim (CONPAI)
Quando estudamos a Bíblia Sagrada, vemos que qualquer pessoa para conquistar alguma coisa, precisa ter fé. Fé para receber uma cura, para ter uma resposta e até para crescer na vida. Somente com fé, uma família é constituída através do casamento. Sem fé, um homem e uma mulher somente se juntam e passam a morar na mesma casa. Em tempos difíceis, conseguimos manter a fé colocando em prática o que se aprende sobre Deus. Quando somos agredidos, atacados, aplicamos a fé para perdoar nossos ofensores. E interessante é lembrarmos que ela não vem do nada, do vazio. Você não acorda em uma manhã de inverno e ganha um kg de fé.
Alguns devem imaginar que ela vem como um presente do céu, mas não. A fé também não vem numa oração que a pessoa recebe. A fé vai crescendo à medida que vamos obedecendo! O Livro mais vendido no mundo, a Bíblia, nos apresenta a fórmula para termos fé e também mantermos ela bem viva em tempos difíceis: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”, Romanos 10:17. Em tempos difíceis como os que estamos vivendo agora, a melhor dica é termos tempo com Deus: Lendo a Palavra e orando. A fé não vem numa porção inesgotável. Ela precisa ser alimentada, cuidada de forma muito criteriosa, para que não se torne simplesmente um pensamento positivo.
Precisamos nos reinventar - Juliana Barazetti, Terapeuta Transdisciplinar Holística,
Psicoterapeuta Reencarnacionista
Reiki, Barras de Access, Regressão e terapias diversas.
Para manter nossa vida equilibrada nesses tempos, em que todos os dias precisamos nos reinventar, é importante confiar em algo que esteja acima de nós, ou seja, ter fé. Ter fé não significa necessariamente ter uma religião, mas ter algo em que acreditar e que dê força para ser melhor a cada dia. Manter a fé é buscar todos os dias, ser uma pessoa melhor, ter empatia, praticar boas ações, sentir o amor incondicional, meditar e lembrar-se, em meio às situações difíceis, de ser grato e usar isso como motivação, pois todos somos um, filhos do Criador. Para manter a fé, precisamos manter o hábito de orar, acreditar que cada dia é uma nova oportunidade de recomeçar. Portanto, afirmar a fé é imprescindível para que possamos passar pelos diversos desafios que nos são apresentados e termos a certeza que existe um caminho a seguir, e podemos segui-lo sem medo, porque temos um propósito maior que é evoluir durante nossa passagem terrena.
