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Indígenas Kaigang vivem precariamente junto a antiga estação ferroviária
Erechim
Publicado em 03/08/2023

Segundo Pasta da Assistência Social existe um trabalho de atendimento desde a chegada até a volta ao município de origem

 Erechim marca sua história de colonização pela estrada de ferro, e nesta passagem histórica muitos colonizadores se deparavam com os caboclos que por aqui habitavam, A cidade cresceu, a modernidade chegou e a estrada de ferro foi abandonada, e com ela a estação ferroviária, ou seja, o que hoje poderia ser um museu ou um cartão postal, se torna local de moradia de indígenas que vem até Erechim buscar parte de seu sustento com a venda de artesanatos.

Mais precisamente nos fundos da antiga estação, beirando os trilhos, atualmente estão acampadas cinco indígenas Kaigang com mais quatro crianças onde dividem o espaço com barracas de plástico e sobrevivem da fabricação de cestos e outros artesanatos que são vendidos em locais públicos da cidade.

Em contato com as mesmas, na manhã desta quarta-feira, 02, pudemos constatar as atuais dificuldades com relação a higiene, principalmente das crianças. Os banhos são tomados com auxílio de baldes em um local improvisado próximo a uma torneira que se encontra à disposição. Sem muita estrutura, se viram como podem.

         De acordo com as índias, as mesmas são da reserva indígena do município de Charrua e somente as mulheres vem para Erechim juntamente com os seus filhos, os homens, por sua vez ficam na reserva trabalhando. “Viemos comercializar nossos produtos durante o período de férias das crianças e após o seu término, que acontece no próximo dia 20 de agosto, voltamos para casa. O dinheiro das vendas é usado para a compra de calçados e roupas”, afirmam.

Com relação a algum auxílio, pontuam que toda a ajuda viria em boa hora, garantindo que, até o momento não teriam recebido nenhum auxílio, seja na alimentação ou doação de roupas.

Poder Público

 Por sua vez, em contato a Secretaria Municipal de Assistência Social, as informações são de que a Pasta tem como foco fornecer atendimento aos indígenas presentes em nossa cidade. Além disso, busca orientá-los sobre os cuidados necessários em relação aos locais onde se estabelecem durante sua permanência no município.

Por meio desses atendimentos junto aos grupos, garantem que é possível obter uma compreensão mais aprofundada das condições em que estão inseridas, permitindo assim oferecer apoio efetivo dentro das diretrizes da política de assistência social.

“Nossas ações incluem o fornecimento de alimentação, doação de roupas concedido por meio da Central de Doações, bem como a disponibilização do Abrigo Cidadão para pernoite. É importante destacar que esses povos por meio de sua cultura produzem artesanatos e buscam as áreas centrais da cidade, para realizar a venda dos mesmos. Durante o período que permanecem em nosso município, contam com o acompanhamento e monitoramento da Assistência Social até o momento em que retornam aos municípios de origem', garante.

Kaigang e sua história

O contato dos Kaingang com a sociedade envolvente teve início no final do século XVIII e efetivou-se em meados do século XIX, quando os primeiros chefes políticos tradicionais (Põ’í ou Rekakê) aceitaram aliar-se aos conquistadores brancos (Fóg), transformando-se em capitães.

 Esses capitães foram fundamentais na pacificação de dezenas de grupos arredios que foram vencidos entre 1840 e 1930. Entre os desdobramentos dessa história, destacam-se o processo de expropriação e acirramento de conflitos, não apenas com os invasores de seus territórios, mas intragrupos kaingang, uma vez que o faccionalismo característico dos grupos jê foi potencializado pelo contato.

Os Kaingang vivem em mais de 30 Terras Indígenas que representam uma pequena parcela de seus territórios tradicionais. Por estarem distribuídas em quatro estados, a situação das comunidades apresenta as mais variadas condições. Em todos os casos, contudo, sua estrutura social e princípios cosmológicos continuam vigorando, sempre atualizados pelas diferentes conjunturas pelas quais vêm passando.

 

Por Carlos Silveira
Foto Carlos Silveira

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